Prevenção
Dicas e cuidados
A Saúde Mental da Mulher – Entrevista Dra. Bárbara Carvalho
A saúde mental constitui uma componente fundamental em todas as fases da vida da mulher. A Dra. Bárbara Carvalho, Psicóloga na TEAM 24, aborda as fases desafiantes, como a menopausa e o impacto de um diagnóstico do cancro da mama, bem como as estratégias de autocuidado a considerar.
Licenciada em Psicologia pela Universidade da Maia (antigo ISMAI) e especialista reconhecida pela Ordem dos Psicólogos em Psicologia Clínica e da Saúde, Bárbara Carvalho completou uma pós-graduação em Neuropsicologia Clínica e Intervenção Neuropsicológica.
De que forma a menopausa pode impactar a saúde mental?
A nossa herança cultural, infelizmente, atribui à menopausa um negativismo, que apesar de começar a ser posto em causa, ainda está presente e tem muita influência na saúde mental da mulher. A menopausa é um processo natural que deve ser abordado com apoio e respeito, para que a mulher consiga fazer o seu caminho fortificada, com objetivos e focada na sua saúde.
A forma como a mulher se sente durante este período da vida depende de vários fatores, tais como a hereditariedade, antecedentes culturais, expectativas, autoestima e tipo de alimentação. É preciso também compreender que, muitas mulheres chegam à menopausa num estado de exaustão emocional e até mesmo nutricional que afeta e dificulta o equilíbrio do organismo. Numa fase de mudanças hormonais, essas mulheres vão apresentar uma maior probabilidade de desenvolverem os sintomas de desconforto associados à menopausa.
Eu diria que é um desafio como outros, que a mulher vai tendo ao longo da vida, e que com os devidos cuidados individuais e da própria comunidade, pode ser ultrapassado, sem causar impacto negativo na saúde mental.
Até que ponto é essencial contar com o apoio familiar e grupos de apoio?
Um dos principais fatores na promoção da saúde mental e da qualidade de vida é a presença de relações interpessoais saudáveis.
O apoio de familiares, amigos e de grupos de apoio promovem um sentido de pertença, a partilha das emoções, proporcionam conexão e suporte.
O isolamento social verifica-se, frequentemente, quando as pessoas apresentam sofrimento emocional e sabemos que agrava os sintomas e o mal-estar. Ao identificar que a pessoa está a distanciar-se dos outros, é recomendado procurar apoio especializado.
Como é que uma rotina de autocuidado pode ser benéfica e quais estratégias implementar?
A menopausa pode ser uma fase desafiadora, mas também pode constituir uma oportunidade para a mulher se redescobrir. Aceitar esta fase com compaixão, autodescoberta e transformação é um passo importante para o bem-estar.
Uma rotina de autocuidado é essencial em todas as fases da vida. Esta rotina passa por implementarmos, no nosso dia a dia, atividades que promovem a saúde. No caso do exercício físico, vários estudos apontam que a atividade de quatro horas semanais, aproximadamente, previne a doença, aumenta a esperança média de vida, promove melhorias no sono e aumenta a autoestima.
Estas sugestões devem ser sempre ajustadas aos interesses e necessidades de cada pessoa, uma vez que só assim temos resultados mais eficazes.
Em Portugal, anualmente são detetados cerca de 7000 novos casos de cancro da mama. Como é que a intervenção psicológica pode fazer a diferença?
Existe um impacto psicológico significativo não só na vivência da doença oncológica, mas também quando se sobrevive à mesma, com efeitos na qualidade de vida e na saúde em geral.
Sabe-se que após um diagnóstico de cancro, existe uma montanha russa de emoções. A intervenção psicológica permite uma adaptação saudável aos efeitos da doença e dos tratamentos e, consequentemente a diminuição do sofrimento psicológico. Desta forma, devem ser promovidas estratégias de coping que contribuem para o ajustamento emocional e melhoram a funcionalidade e qualidade de vida da mulher.
Diria mesmo que a intervenção psicológica, mais do que um complemento, é parte integrante do tratamento do cancro.
Se fosse possível identificar as três principais estratégias para cuidar da saúde mental, quais seriam?
A primeira seria investir na prevenção e promoção da saúde. A segunda seria identificar e reconhecer quando estamos a precisar de ajuda, o que diminui o agravamento dos sintomas e torna também a intervenção psicológica mais eficaz. A terceira passa por procurar a ajuda especializada, sempre que sentimos que os nossos recursos não estão a ser suficientes para lidar com as exigências que vivemos no momento.
O que diria a alguém que acabou de descobrir ter cancro da mama?
É fundamental realizarmos uma avaliação para entender o estado emocional da pessoa que acaba de receber esse diagnóstico.
Contudo, sabe-se que expressar empatia, a escuta ativa e a validação dos sentimentos promovem compreensão e conforto, ajudam a perceber as necessidades e os sentimentos do momento.
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